• A Hiperidrose

    Hiper-hidrose, ou hiperidrose é uma situação de suor extremo, pela qual nosso corpo passa, podendo ocorrer normalmente (durante exercícios físicos exagerados ou em dias muito quentes), ou decorrente de alguma patologia (doença).

    O rubor facial (vermelhidão súbita da face), suor intenso e incontrolável nas mãos, axilas e face, associado à sensação de embaraço e ansiedade para sair da situação que o originou, leva a um sério problema denominado fobia social.

    Esse mal-estar é causado por um funcionamento exagerado do sistema nervoso simpático (doença neurológica).

    Estes sintomas podem ser curados ao se retirar ou interromper no tórax, os nervos que regulam o suor das mãos, das axilas e do rosto, bem como o rubor facial. No caso dos pés, a cirurgia é realizada no abdome. A cirurgia é denominada Simpatectomia Torácica Endoscópica Bilateral (STE).

    Tipos de Hiperidrose

    1- Primária: doença neurológica causada por mau funcionamento do sistema nervoso simpático. Conceitualmente, Hiperidrose significa suar mais que o necessário para o equilíbrio da temperatura corporal, mantendo-a nos chamados limites fisiológicos (acima de 35,5 e abaixo de 37 graus centígrados) de um bom funcionamento. No caso da Hiperidrose Primária, o suor ocorre sem qualquer causa relacionada à patologia como hipertireoidismo, obesidade ou ainda a menopausa. Na hiperidrose o excesso de suor é constante e provoca enorme situação de desconforto e angústia nos pacientes, podendo se manifestar nas mãos, pés, axilas e rosto de forma totalmente incontrolável.

    2- Secundária: causada por outras doenças como lupus, obesidade mórbida, diabetes descompensada, dentre outros fatores.

    Sintomas da Hiperidrose

    Suor excessivo em diferentes partes do corpo. Os pontos mais frequentes e suas proporções médias são:

    – mãos, axilas e pés: 60%;
    – mãos e pés: 25%;
    – axilas: 14%;
    – região crânio-facial: 1,5%;
    – uma miscelânea em todas as áreas citadas em maior ou menor grau.

    Causas da Hiperidrose

    0 problema é desencadeado por estímulos de ansiedade e de tensão, situações em que o hiperidrótico tem a sensação de que está derretendo. 0 paciente literalmente pinga, suando em gotas.

    A causa da doença é desconhecida para cerca de 60% dos pacientes com hiperidrose primária, mas trabalhos científicos em andamento tentam provar a tese de que os demais portadores de hiperidrose, em torno de 40% tem causa de origem familiar.

    Sabe-se que esta doença costuma aparecer em indivíduos da mesma família, e também acomete pessoas com problemas de obesidade. Aparentemente, os judeus sefaradis e os asiáticos são mais propensos à patologia. Já as pessoas obesas suam mais do que outras vítimas da doença e estão entre os menos beneficiados pela cirurgia. Por isso não se recomenda o tratamento cirúrgico a pacientes que estejam 15% acima do seu peso normal, pois a dificuldade de identificação da cadeia simpática nesse paciente compromete o sucesso da cirurgia.

    No entanto, alimentação inadequada também pode ampliar um processo hiperidrótico. Isso pode ocorrer quando há consumo excessivo de chá, café e refrigerantes sabor cola (que possuem alto teor de cafeína). Esses alimentos estimulam em demasiado o sistema nervoso simpático, aumentando exageradamente o suor.

  • Incômodos da doença

    A doença hiperidrose causa transtornos para a vida do paciente, em especial transtornos sociais. Vejamos algumas situações:

    Hiperidrose nas Mãos
    As mãos que chegam a pingar promovem uma severa limitação para as atividades estudantis, danificando os cadernos e estigmatizando as crianças portadoras do problema, que são freqüentemente criticadas e até rejeitadas pela sua turma de colegas e professores. Aquilo que parece hiperdesleixo, na realidade é hiperidrose.

    Profissionais que trabalham com luvas sentem o suor pingar pelo braço, instrumentos de corda enferrujam e atletas têm severa limitação de desempenho em esportes como basquete, vôlei e tênis.

    Hiperidrose nas Axilas

    Nas axilas, a sensação de falta de higiene, principalmente se acompanhado de odor forte (bromo-hidrose), gera fobia social tão intensa, que os pacientes evitam festas ou qualquer encontro social. 0 simples fato de falar ao telefone faz gotas correrem pelos braços e pela parte lateral do tórax. Mesmo no frio intenso, abaixo de zero, o fato de usar um paletó funciona como desencadeador do suor, ou seja, no frio, o agasalho piora os sintomas.

    Hiperidrose na Face e cabeça

    Na face e na cabeça, a hiperidrose é altamente constrangedora, pois gera impressão de insegurança. Nas mulheres, esses sintomas podem levar a um diagnóstico errado de menopausa precoce conduzindo a um tratamento inadequado. Ao deitar, muitas vezes esses pacientes suam intensamente a cabeça chegando a molhar o travesseiro.

    Hiperidrose nos Pés

    Nos pés, além do mau cheiro contínuo pelo excesso de umidade, acontecem quedas ao solo, com freqüente torcer dos tornozelos, dificultando e até impedindo o uso de salto alto entre as mulheres. Calçados de couro deterioram e rasgam com facilidade.

  • Tratamentos da Hiperidrose

    Dependendo do caso, o tratamento da Hiperidrose pode ser clínico ou necessariamente cirúrgico:
    Tratamento Clínico da Hiperidrose
    São inúmeros os tratamentos clínicos, e são paliativos.

    Doenças que são tratadas através da simpatectomia
    Algumas doenças, quando não solucionadas depois do tratamento específico, são solucionadas com a cirurgia. São elas, a rinite vaso-motora refratária, síndrome do QT longo com síncopes, taquicardias refratárias, angina refratária, distrofia simpática reflexa, dor causada por câncer de pâncreas e doença de Raynauld em membros superiores.

    Inicia-se com tranquilizantes e/ou antidepressivos, mas existem medicações que também atuam diretamente sobre o sistema simpático, embora com eficácia sempre pequena. Outro tratamento é o uso da toxina botulínica e acupuntura que auxiliam no tratamento de casos específicos.

    É importante saber que, em todo o mundo já foram tentados inúmeros tratamentos clínicos para a hiperidrose, mas todos eles são paliativos e de efeito temporário ou mesmo nulo.
    Apenas o procedimento cirúrgico é considerado definitivo. As opções não-cirúrgicas para o tratamento da hiperidrose são limitadas e incluem:

    • tratamentos dermatológicos pela aplicação de soluções ou cremes adstringentes;
    • iontoforese (banhos elétricos com água salgada na área afetada), que pode reduzir o suor em áreas específicas, mas apenas por um período de 6 horas a uma semana;
    • injeção de toxina da bactéria “Botulinus” (Botox) sob a pele (que pode funcionar de 4 a 6 meses, mas são necessárias cerca de 50 aplicações (injeções) em cada mão e, além disso, o produto é muito caro);
    • tratamento psicológico; uso de sedativos ou drogas que diminuem as secreções (que reduzem o rubor facial e as fobias sociais, mas agem muito pouco na hiperidrose – esse fato, acrescido de efeitos colaterais ligados ao uso continuado desses medicamentos, torna-os pouco úteis no tratamento da hiperidrose).

    Aplicação de Botox para suor excessivo

    A aplicação da toxina botulínica é intradérmica. O tratamento consiste em cerca de 30 a 40 injeções subcutâneas nas áreas afetadas. Por conta disso por exemplo, nas mãos e axilas são indicadas, aproximadamente, 150 injeções. Além do custo de cada injeção ser elevado, o tratamento é muito doloroso. O Botox funciona bloqueando a transmissão do estímulo nervoso às glândulas sudoríparas. Com isso, a produção de suor fica temporariamente contida. A duração do efeito varia de 4 a 6 meses e sua indicação é aconselhada somente em casos específicos de hiperidrose palmar e axilar. No entanto quase todos os pacientes acabam procurando um tratamento definitivo depois da segunda ou terceira aplicação, por não suportarem a dor das injeções em locais tão sensíveis.

    Tratamento com o uso de corrente elétrica para suor excessivo

    Esse tratamento utiliza um aparelho por meio do qual o paciente recebe pequenos choques, diariamente, que não são fáceis de aguentar e que, além disso, causam lesões na pele em pouco tempo. Importante ressaltar que tal equipamento está sendo comercializado como uma grande promessa de solução para os casos de suor excessivo de mãos e pés. Seu efeito não é definitivo.

  • O rubor facial

    O rubor facial pode vir acompanhado de hiperidrose e também deixa seus portadores em pânico, propensos a desenvolver a chamada “fobia social” receio de estar entre pessoas e ser notado.

    Alguns pacientes podem apresentar os dois sintomas, rubor facial e suor, ou somente rubor facial, sem suor.

  • Cirurgia de hiperidrose

    • As cirurgias são realizadas nos melhores hospitais de Goiânia e do Distrito Federal. A escolha dos hospitais na maioria das vezes fica a critério do paciente ou do convênio que o mesmo dispõe.
    • Existe uma seleção bem definida para o paciente que irá se beneficiar com o procedimento cirúrgico.
    • O tempo de cirurgia, na fase inicial, durava mais de 2 horas. Com a qualificação dos profissionais e o aprimoramento tecnológico, a cirurgia hoje demora em torno de 30 minutos. O período de internação varia de 12 a 24 horas em 97% dos casos.
    • Desde os primórdios.
    • Da primeira cirurgia de hiperidrose descrita (1920) até hoje aconteceram muitas evoluções. A utilização de material endoscópico auxiliou no aprimoramento da técnica. Em 1993, criou-se uma sociedade com o intuito de pesquisar e divulgar o método de cirurgia toracoscópica minimamente invasiva para a cirurgia de hiperidrose, a ISSS (International Symposium on Sympathetic Surgery). O sétimo encontro de cirurgiões dessa especialidade aconteceu no Brasil em 2006.
    • A Cirurgia no Centro Brasileiro de Hiperidrose
    • Em dezembro de 2000 iniciou-se os trabalhos da equipe realizando cirurgias de hiperidrose. Até 2008 foram operados mais de 1000 pacientes. O paciente mais jovem tinha 8 anos e o mais idoso, 70 anos. A equipe realizou os procedimentos com zero de infecção.
    • O Centro Brasileiro de Hiperidrose segue o consenso do sétimo ISSS (International Symposium on Sympathetic Surgery), ocorrido no Brasil:
      a cirurgia deve ser realizada com anestesia geral, entubação oro-traqueal (seletiva ou não), posicionamento do paciente na mesa cirúrgica a critério do cirurgião, inativação (cirurgia) da cadeia simpática: por secção e retirada da mesma ou por termo-coagulação, ou ainda por clipagem pré e pós-ganglionar.
      Independente do método escolhido, o resultado do pós-operatório é semelhante, não implicando em aumento ou diminuição da dor e da hiperidrose compensatória. 

      Como é realizada a cirurgia

      • A cirurgia é feita por vídeo, com um único corte na região axilar, em torno de 5 a 6 milímetros, pelo qual é introduzida uma câmera de TV embutida, mostrando com nitidez, iluminação e precisão as estruturas, e envia as imagens para o monitor de vídeo e, através de uma perfuração de 2 milímetros o instrumental cirúrgico de cauterização é introduzido no tórax.

      O pulmão é deslocado para baixo e a cadeia simpática que fica sobreposta às costelas, ao lado da coluna, é identificada. A partir daí a cadeia simpática é ressecada ou termocoagulada com um cautério elétrico. Ambos lados são operados na mesma sessão.

      • Para a clipagem, é necessária uma incisão adicional de 5 milímetros na região axilar. Os pontos de sutura são intradérmicos e as cicatrizes, se tornam praticamente imperceptíveis em 5 meses. O paciente recebe anestesia geral e intubação seletiva dos pulmões.
      O Centro Brasileiro de Hiperidrose não utiliza a incisão na linha mamária inferior, para preservar a estética dos pacientes, principalmente nas mulheres, que representam 65% da nossa estatística. Na maioria das cirurgias, as imagens são gravadas e entregues ao paciente em DVD, em algumas isto não acontece por falhas técnicas na gravação.

      • O tempo do procedimento cirúrgico é, em média de 30 minutos, sendo que o paciente permanece internado de um dia para o outro.
      • A dor pós-operatória, localizada na região torácica, na maioria dos casos é de leve a moderada intensidade e, em 14 horas, praticamente não existe mais.
      • O retorno às atividades profissionais ocorre com 3 dias em média, e aos exercícios físicos mais vigorosos após 2 a 3 semanas.
      • Resultados e taxa de sucesso
      • O resultado operatório é imediato e surge ainda em campo cirúrgico após 40 segundos de secção da cadeia simpática, quando já observamos o aumento da temperatura das mãos em até 1,5 graus com interrupção do ato de suar.
      • Nenhum procedimento cirúrgico tem uma taxa de sucesso de 100%, mas o acompanhamento prolongado de nossos pacientes indica que 95% a 99% deles experimentaram alívio do suor nas mãos; 85% a 95% apresentaram alívio do suor axilar e facial; e 90% a 95% tiveram alívio do rubor facial. A taquicardia do “pavor de palco”, isto é, a ocorrência de palpitações no peito e de “nervosismo” em situações estressantes, como se apresentar em público por exemplo, também foram consideravelmente reduzidas após a operação.
      • Temos investigado, pelo exame clínico e questionários, os resultados do procedimento no pós-operatório imediato, no primeiro retorno para a retirada dos pontos, durante os primeiros 30 dias e ainda após vários meses ou anos. Nessas ocasiões, valendo-nos de um questionário de “Qualidade de Vida”, solicitamos aos pacientes que avaliem seus sintomas antes e após a operação numa escala de 0 a 5.
      • Riscos
      • Sempre existirão riscos em procedimentos cirúrgicos, por isso, deve-se optar por profissionais qualificados, que tenham perfeito conhecimento da anatomia humana e da doença, minimizando-se assim as eventuais complicações.
      • A anatomia da cadeia simpática é bem clara e definida, e junto a ela no corpo humano não tem a presença de nenhuma cadeia ou ramos nervosos que impliquem em perda motora, ou seja, perda de força muscular pelo paciente.
      • Efeitos colaterais e complicações
      • São pouco freqüentes (menos de 1%). No final da década de 1980, a simpatectomia torácica endoscópica começou a ser empregada com maior freqüência e, no período de 1987 a 1997 já haviam sido operados mais de 3500 pacientes em todo o mundo. Ao estudarmos as publicações oriundas de diversos países (China, Israel, França, Suécia, Estados Unidos, entre outros) também pudemos constatar que são extremamente raros os casos em que foram descritas complicações GRAVES OU QUE ACARRETASSEM RISCO DE VIDA dos pacientes. Nunca tivemos necessidade de abrir o tórax para corrigir alguma complicação. Pequenas hemorragias e vazamentos de ar dos pulmões ocorreram em menos de 1% dos nossos pacientes. Estas intercorrências, todavia, são facilmente resolvidas pela simples manutenção de dreno pleural por alguns dias.
  • Hiperidrose Compensatória

    É o suor aumentado em outras áreas do corpo ocorrido no pós-operatório de simpatectomia. Este suor surge comumente na região anterior e posterior do tórax (peito e costas), abdome e região posterior da coxa.

    Apresenta em média as seguintes intensidades:

    • leve: 70%;
    • moderada 23%;
    • intensa 3%.

    A hiperidrose compensatória só acontece em momentos especiais, como nos exercícios físicos vigorosos (academia, jogos, etc.), nas temperaturas acima de 35 graus ou nos momentos de extrema ansiedade. Diferente dos sintomas da hiperidrose primária, que mesmo em ambientes com ar condicionado, sob mínimos estímulos, o suor estará sempre presente.

    Reversão da Cirurgia

    A definição da técnica e de como fazer a cirurgia na cadeia simpática já está bem definida.

    A grande busca que os médicos enfrentam hoje está em como aprimorar a técnica de desfazer a simpatectomia, que acontece nos casos de hiperidrose compensatória indesejável. Apesar de estar presente em apenas 3% dos pacientes, é o que atualmente representa um grande desafio aos cirurgiões da especialidade.

    Existe um método ainda considerado experimental, uma intervenção muito complexa que exige a retirada de um nervo da perna para ser colocado na cadeia simpática ressecada.

  • Quem pode operar de Hiperidrose

     A definição correta de qual paciente pode ou não ser operado, e quais os gânglios que podem ser retirados é o que determina o sucesso do procedimento cirúrgico.

    Casos mal selecionados denigrem a técnica e desmotivam outros pacientes, que têm o perfil ideal para o tratamento cirúrgico.

    O cirurgião deve obedecer aos limites do Índice de Massa Corporal (IMC) do paciente e observar outras possíveis áreas de sudação. Exemplo: se a hiperidrose primária do paciente ocorre nas mãos e/ou nos pés, mas ele apresenta sudação aumentada (equivalente a um pouco menos da metade do seu suor de hiperidrose) nas costas, abdome, tórax, nádegas ou coxas, há um risco em torno de 20% de desenvolver hiperidrose compensatória no pós-operatório. Então, para esses pacientes, não é recomendável o procedimento cirúrgico.

    Esses dados devem ser bem avaliados com seu cirurgião, que é quem ajudará na definição final.

    Pacientes contra-indicados
    Pacientes que sofreram traumas torácicos ou infecções pulmonares, com derrame pleural ou cirurgia cardíaca prévia podem ter contra-indicação para essa cirurgia. Essas doenças pré-existentes promovem aderência da pleura (membrana que envolve o pulmão) à parede do tórax, impedindo assim que o pulmão abaixe durante o procedimento cirúrgico e deixe exposta a cadeia simpática, para que esta possa ser manipulada.

    As aderências pleurais acontecem em 20% dos casos operados e, mesmo assim, pode-se reverter o quadro de hiperidrose em até 98% dos pacientes. Quando as aderências oferecem risco de sangramento, a cirurgia é suspensa e é cogitado outro procedimento, com corte cirúrgico maior, ainda minimamente invasivo e com a mesma eficácia.

    Em alguns casos de hiperidrose axilar com pacientes obesos, ou outras áreas que não as primárias e que já suam muito, utiliza-se, com anestesia local, a técnica de curetagem aspirativa das glândulas axilares, procedimento semelhante à lipoaspiração mas, nesses casos, o que é retirado são as glândulas sudoríparas, e não o tecido gorduroso.

    Incidência da hiperidrose
    A doença incide tanto em homens quanto em mulheres, mas estas tendem a buscar ajuda, e por isso engrossam as estatísticas. Verifica-se que, nos países ocidentais, onde os homens têm quase que os mesmos direitos e deveres das mulheres, nota-se uma discreta predominância da doença no sexo feminino. Já em países como Arábia Saudita, onde o homem tem mais privilégios sociais em detrimento da mulher, é maior o registro de reclamações masculinas por conta dos incômodos causados pela doença.

  • Cura espontânea

     É raro o desaparecimento espontâneo do suor excessivo, mas o fluxo pode diminuir com o tempo. Alguns pacientes com queixa de hiperidrose durante a puberdade, fase exacerbada de desenvolvimento, relataram melhora ao longo do tempo. Eles teriam deixado de suar ao atingirem certa estabilidade física, psíquica e emocional. Mas tais casos são exceção à regra. Na grande maioria, os sintomas persistem ou até se agravam com o passar dos anos, e a qualidade de vida do paciente diminui em conseqüência da doença.

  • Queixas comuns

     Consultor – constrangimento

    “… Sofro de transpiração excessiva nas axilas. Por causa deste problema, estrago todas as minhas camisas – sou consultor na área de marcas e patentes e tenho que trabalhar de manga comprida e gravata. Sofro muito com isso e me sinto constrangido em chegar a um determinado cliente todo molhado. Tenho a sensação de que olham para mim como uma pessoa sem higiene… é muito deprimente. ”

    Senhora – vergonha

    “Eu tenho Hiperidrose desde criança. Na verdade, eu me dei conta da doença aos 6 anos, quando tive que dançar quadrilha com um colega e notei que minhas mãos transpiravam ao segurar a dele. A partir desse dia, não tive mais a felicidade de manter minhas mãos e pés secos, o que me causa muita vergonha e angústia, principalmente com amigos. Hoje sou casada e vivo constrangida com relação ao meu marido por não poder, às vezes, segurar sua mão ou até mesmo fazer-lhe um carinho por estar com as minhas mãos sempre encharcadas.”

    Pais – preocupação

    “…O problema está começando a agravar-se, pois nossos filhos estão ficando mais velhos. Já notamos que ambos começam a se isolar e a levar uma vida que não condiz com suas idades. O suor começa a causar-lhes problemas na escola e no relacionamento com os amigos, sem falar no mal estar que causa a ele próprios.”

    Aluno – desleixo na escola

    “Aos 6 anos por várias vezes fui chamado atenção pela professora por falta de zelo pelas minha tarefas, tanto as de casa quanto os trabalho de sala. Com frequencia, as mesmas encontravam-se manchadas ou com orelhas nas páginas dos cadernos, dando a impressão de falta de higiene. Na realidade, desde essa época o suor excessivo de minhas mãos já me atrapalhava. Com certeza o conhecimento de educadores sobre essa doença diminuiria muito a punição desnecessária de vários alunos.”

    Vestibulanda – pressão

    “Mais uma vez senti-me suprimida pela sociedade devido minha hiperidrose palmar.  Sempre tive medo da cirurgia, agora devido a mais este constrangimento que irei relatar quero buscar uma solução definitiva.
    Ao entrar para fazer minhas provas de vestibular, a toalhinha famosa dos hiperidróticos me acompanhava. Ao ser vista pelo fiscal de provas com a mesma, de imediato fui acusada de ser portadora de instrumento de cola. Nada que eu dissesse conseguiu convencê-lo do contrário. Fui obrigada a fazer meu vestibular secando as minhas mãos com um horrível papel toalha que só me constrangia e me deixava mais nervosa.
    Lógigo que não consegui ser aprovada, meu rendimento foi muito aquém do que eu esperava….”

    Atleta – frustração

    “Já fui campeão de Karatê mas, em virtude do excesso de transpiração nos pés fui perdendo campeonatos. O Karatê é um esporte em que se luta descalço e, como meu pé fica sempre molhado, eu acabava escorregando. Em virtude disso acabei perdendo meu patrocínio e desisti de lutar.”

    Advogado – constrangimento

    “Com freqüência vou defender meus clientes perante juízes e meu suor na face (hiperidrose crânio facial) é tão intenso que durante a sessão tenho que enxugar o rosto com um lenço, pois o mesmo se encharca. Não bastante isso, por várias vezes sou interrogado pelo juiz se estou com algum problema, se estou prestes a desmaiar ou se preciso de água. É muito constrangedor.”

    Odontólogo – limitação

    “Trabalho o tempo inteiro com luvas, mas em menos de 2 minutos já sinto escorrer pelos meus punhos indo até o cotovelo uma água esbranquiçada devido ao suor em contato com o talco da luva, além da própria luva fica encharcada fazendo com que eu perca a precisão ao segurar meus instrumentos de trabalho. É muito limitante….”

    Médico – suspeita de insegurança

    “Para atuar nas minhas atividades é extremamente importante demonstrar aos meus pacientes, segurança! Assim que os mesmos entram no meu consultório é fácil pois, antes de cumprimentá-los enxugo as mãos. Durante a nossa entrevista, explico com detalhes como deve acontecer certo procedimento a ser realizado nos mesmo, mas já começo a ficar ansioso pois começo a ser questionado dos detalhes… e toda vez que me sinto pressionado, meu simples suor de mão faz com que elas se derretam. Ao despedir do paciente aquela mão gelada gera insegurança, isso me constrange. Sem contar o número de vezes que tenho que trocar de luvas durante uma cirurgia, pois estas ficam encharcadas!